ANCINE
Informativo da Agência Nacional do Cinema Nº 26 | 09   












06/08/09 - Cercada de expectativas, a cerimônia de divulgação do resultado final da Linha de Aquisição de Direitos de Distribuição de Longas-metragens (Linha C) do Fundo Setorial do Audiovisual levou ao escritório da Agência Nacional do Cinema – ANCINE, no Rio de Janeiro, distribuidores, produtores, diretores e atores, sinalizando o claro envolvimento dos diversos agentes do setor com a nova proposta de fomento representada pelo FSA. Num clima de parceria entre agentes públicos e privados, foram anunciados os projetos contemplados com um total de R$10 milhões em recursos reembolsáveis: oito longas, de diversos gêneros, produzidos por oito empresas diferentes e que serão distribuídos por quatro proponentes: Europa Filmes, Downtown, Riofilme e Imagem Filmes.


Veja aqui a lista dos contemplados da Linha C do FSA


O Diretor-Presidente da ANCINE, Manoel Rangel, abriu a cerimônia. Ele lembrou que o Fundo Setorial tem como diretriz, formulada pelo Conselho Superior do Cinema, atuar em todos os elos da cadeia do audiovisual, da produção à exibição e à infra-estrutura, com foco na auto-sustentabilidade. Rangel se declarou satisfeito com a recepção da classe cinematográfica aos primeiros editais e com os resultados preliminares do Fundo, que espelham a diversidade da cinematografia brasileira:

_ Nas Linhas A e C do Fundo Setorial do Audiovisual, ligadas à produção de longas-metragens, foram contemplados diferentes gêneros, produtoras grandes e pequenas e cineastas de várias gerações. É importante lembrar que não se trata de recursos a fundo perdido. O Fundo trabalha com a perspectiva de participação nos direitos de comercialização das obras, ou seja, dividindo riscos e resultados com produtores e distribuidoras. Isso resultará num maior compromisso dos empreendedores privados com os resultados econômicos e estéticos das suas obras. Também quero dizer que esta é apenas a primeira safra de editais do Fundo, que será sistematicamente avaliado e aprimorado, nas próximas convocatórias, mas sempre seguindo a diretriz de premiar o mérito, estabelecida pelo Conselho Superior de Cinema e ratificada pelo Comitê Gestor do FSA, composto por representantes do Governo e da sociedade civil. Por fim, com o Fundo Setorial do Audiovisual, nós rompemos um paradigma de processos de decisão de investimentos que não comunicavam suas razões e motivações.

O Diretor-Presidente da ANCINE destacou a parceria indispensável com a FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e da Tecnologia, responsável pela operacionalização das linhas de atuação do FSA. Após a fala de Rangel, Luis Fernandes, Presidente da FINEP, afirmou que a missão institucional da entidade é o fomento à inovação, daí a sintonia com a ANCINE em todo o processo de desenvolvimento do Fundo Setorial.

_ Nós entendemos que a criatividade será, cada vez mais, a base da agregação de valor de qualquer projeto. Ao promover o fortalecimento do nosso cinema, o Fundo Setorial do Audiovisual persegue a construção e a consolidação da identidade nacional, o que é uma agenda crucial para o país.

Em seguida, o Diretor da ANCINE Mario Diamante enfatizou o desempenho positivo dos lançamentos de filmes nacionais em 2008 e 2009, realizados pelas distribuidoras contempladas. Diamante divulgou os resultados do primeiro edital da Linha C, que totalizou R$ 10 milhões em investimentos:

_ Os valores estabelecidos para cada proponente foram definidos pelo Comitê de Investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual, a partir da análise técnica e da avaliação da defesa oral de cada projeto. Acredito que esse edital atende em cheio às diretrizes estabelecidas para o Fundo, como estimular a competitividade no mercado doméstico e internacional e o fortalecimento das distribuidoras de filmes brasileiros.

Diante da variação dos valores concedidos a cada proponente selecionado, a cineasta Sandra Werneck, presente na platéia, fez uma observação importante: os filmes estão em diferentes etapas de realização, por isso demandam volumes diferentes de recursos. Manoel Rangel reforçou o esclarecimento:

_ O resultado divulgado hoje não deve ser confundido com uma loteria, que distribui prêmios maiores e menores. Não existe uma correlação entre a qualidade de cada projeto contemplado e o valor investido. Alguns filmes estão no início da produção, enquanto outros já estão quase finalizados. De qualquer forma, o Fundo viabilizará, a partir do segundo semestre de 2010 e ao longo de 2011, que entre em cartaz uma safra de filmes brasileiros da qual nos orgulharemos muito.

Representando as quatro distribuidoras proponentes selecionadas para receber investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual, estiveram presentes na ANCINE Wilson Feitosa, da Europa Filmes, Bruno Wainer, da Downtown, Sergio Sá Leitão, da Riofilme, e Marcos Scherer, da Imagem Filmes. Também compareceram os diretores de todos os oito projetos selecionados: Selton Mello, Luiz Bolognesi, Sandra Werneck, Roberto Santucci, Rosane Svartman, Carlos Diegues, Alberto Graça e Lula Buarque de Holanda.

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06/08/09 - A divulgação dos finalistas dos primeiros editais do Fundo Setorial do Audiovisual – e do resultado final da Linha C , voltada para a aquisição de direitos de distribuição de longas-metragens nacionais – dá seqüência à implementação de um novo mecanismo de fomento ao cinema e ao audiovisual no Brasil. O Fundo do Audiovisual inova quanto às formas de estímulo estatal e à abrangência de sua atuação , pois permite contemplar os diversos segmentos da cadeia produtiva do setor – da produção à exibição , passando pela distribuição , comercialização e pela infra-estrutura de serviços – mediante a utilização de diferentes instrumentos financeiros , como investimentos , financiamentos , operações de apoio e de equalização de encargos financeiros.

Como membro do Comitê Gestor e responsável pela Secretaria Executiva do FSA , a ANCINE considera estar contribuindo para o desenvolvimento articulado de toda a cadeia produtiva da atividade audiovisual no país , estimulando o investimento privado e o fortalecimento da indústria.

Nesta entrevista , o Diretor-Presidente da ANCINE , Manoel Rangel , esclarece os critérios de seleção e os princípios que regem o funcionamento do Fundo Setorial do Audiovisual. E afirma que todos os agentes econômicos do audiovisual , públicos e privados , têm objetivo comum: o fortalecimento do cinema e do audiovisual no Brasil.

Vencida essa primeira etapa , que balanço se pode fazer do Fundo Setorial do Audiovisual?

MANOEL RANGEL : Um balanço extremamente positivo. O número de proponentes , nas quatro linhas de ação , demonstra que os produtores , distribuidores e emissoras de televisão entenderam a importância estratégica do Fundo , em suas várias diretrizes: aumentar a competitividade das empresas brasileiras , fortalecer as distribuidoras independentes , ampliar o consumo das obras audiovisuais brasileiras e estimular modelos de negócios menos dependentes dos recursos públicos , compartilhando os riscos inerentes da atividade audiovisual entre os agentes públicos e privados .

Fale sobre o resultado preliminar da Linha A , voltada à produção de longas-metragens , aquela que teve maior número de proponentes.

RANGEL : Em relação à Linha A , a lista de finalistas refletiu a ampla diversidade do cinema brasileiro: foram contemplados projetos de comédia , romance , musical , infantil , drama , ação , animações , um documentário , além de produtoras pequenas e grandes , diretores estreantes e veteranos , cineastas com forte apelo autoral e outros de maior comunicação com o público. É preciso ter em mente que os editais do FSA não são o único mecanismo de fomento ao audiovisual gerido pela ANCINE e pelo governo federal , e que a desconcentração geográfica e a diversidade são metas presentes em outras ações do Ministério da Cultura. Ocorre que esta primeira chamada pública da Linha A priorizou projetos que já tinham captado parte do valor da produção , mas ainda dependiam de uma complementação para fechar o orçamento , e os critérios definidos pelo Comitê Gestor do Fundo do Audiovisual , sob orientação do Conselho Superior do Cinema , estabeleceram como determinantes requisitos de desempenho pregresso das produtoras junto ao público e à crítica. Os proponentes que receberam a maior pontuação estavam efetivamente concentrados no Rio e em São Paulo , mas é preciso destacar que pelo menos dois filmes pré-selecionados são produções pernambucanas , embora tenham sido apresentados por produtoras do Rio de Janeiro.

Por quê?

RANGEL: Porque os recursos do FSA não são a fundo perdido , eles se baseiam na idéia do compartilhamento de riscos entre o Governo e os agentes privados. Por isso , as reais perspectivas de desempenho comercial foram um pré-requisito para a seleção , já que se trata de recursos reembolsáveis. Mesmo assim , estamos estudando formas de aperfeiçoar essa linha de ação , de forma a ampliar a presença de produtoras de outras regiões do Brasil na defesa oral , a fase final de avaliação.


O que o Fundo do Audiovisual planeja para o segundo semestre?

RANGEL: O Fundo do Audiovisual investirá novos R$ 37 milhões de reais no segundo semestre de 2009. Os novos editais já estão em exame pelo Comitê Gestor e trarão medidas de simplificação das inscrições e de aperfeiçoamento dos critérios de seleção. É compreensível que neste momento esteja sendo dada uma grande ênfase aos projetos pré-selecionados na linha A , mas eu gostaria de enfatizar a boa e diversificada safra apresentada pelas distribuidoras brasileiras na linha C , demonstrando um compromisso mais forte destas empresas com o filme brasileiro. Igualmente relevante foi a resposta que recebemos para a linha B , com importantes emissoras assumindo o compromisso com a aquisição de obras de produção independente para a sua grade e muitos projetos de obras seriadas. Penso ainda que poucos prestaram atenção ao fato de que a linha A trazia muitos projetos bons , demonstrando a vitalidade da nossa cinematografia. O Edital determinou a pré-seleção de 30 projetos , mas seguramente há muitos outros que já estão maduros para receber investimentos do Fundo. O Fundo espera receber estes projetos nos novos editais que a FINEP lançará em agosto.

 
O Fundo Setorial do Audiovisual é uma prévia do que será uma nova política do audiovisual , substituindo o modelo do fomento indireto?

RANGEL: Algumas matérias na imprensa sugerem que o Fundo está sendo percebido assim , mas ele não deve ser entendido dessa maneira. O modelo de fomento caminha para a especialização de mecanismos , cada qual com suas especificidades e objetivos. Por outro lado , uma das metas da ANCINE é , efetivamente , fortalecer o peso do investimento privado na economia do audiovisual nacional. Nesse sentido , o Fundo Setorial é importante por dois motivos: primeiro , ele recupera para o Estado um papel mais efetivo nas políticas públicas de cultura , por meio de investimentos diretos. Segundo , porque ele estimula o empreendedorismo e a modernização do audiovisual , sempre com a preocupação de ocupar cada vez mais o mercado com conteúdo nacional e independente .


Isso implica uma mudança de mentalidade dos agentes privados?

RANGEL: Sim , e uma repactuação entre os agentes econômicos do setor: Precisamos criar uma equação sustentável , que articule o poder público e o capital privado para diminuir o peso do modelo de fomento não-reembolsável. Ele foi bem-sucedido no estímulo à retomada de uma atividade que estava paralisada , nos anos 90 , e agora , cada vez mais , o desafio do Governo será gerar um ambiente propício ao desenvolvimento sustentado da indústria. Isso se faz por meio de boas práticas regulatórias. Por exemplo , não adianta fomentar apenas a oferta , é preciso também fomentar a demanda , aumentar a base de consumidores de produtos audiovisuais no Brasil. Daí a importância , por exemplo , do Vale-Cultura , cujo projeto de lei do MinC acaba de ser encaminhado pelo Presidente Lula ao Congresso Nacional. Camadas inteiras da população que se afastaram das salas de cinema nas últimas décadas serão estimuladas a consumir mais cultura , o que pode gerar um círculo virtuoso: aumentando a demanda , novos atores privados entrarão na economia da cultura , gerando competição e escala. No fundo , todos queremos a mesma coisa: um cinema brasileiro cada vez mais forte , independente e acessível a toda a população brasileira.

Saiba mais sobre o Fundo Setorial do Audiovisual no site: www.ancine.gov.br/fsa

 



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